quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ADOTE UM VIRA LATA

Turn-can

Nada é mais detestável do que comparar adotar um cachorro a adotar uma criança, já que são duas coisas inteiramente diferentes. Uma vez eu estava numa roda de amigos elogiando uma mulher que dedicava sua vida aos gatinhos abandonados. Então uma moça falou: "É um absurdo adotar animais com tantas crianças desamparadas.". É o tipo de argumento que me deixa maluca. Porque essas pessoas nem sequer raciocinam, apenas repetem um lugar comum. Perguntei: "O que você faz pelas crianças abandonadas?". Ela ficou calada e logo depois saiu-se com essa: "Não tenho dinheiro. Se tivesse, ajudaria crianças e não animais". É uma resposta muito fácil de ser dada. "Mas você não precisa ter dinheiro", argumentei."Existem outras formas de ajudar uma criança carente. Você pode subir o morro e ler para elas, pode ensiná-las a desenhar, dar aulas. Não precisa ter dinheiro para ser útil". Ela ficou na dela.

O negócio é que são duas coisas distintas: crianças e animais. São dois problemas, e um não elimina o outro. O que existe em comum é que, como um filho, um cachorro também é para sempre. Não é como um vestido que você acha bonito, compra, e depois, enjoada, se desfaz. É um compromisso. Eduardo Dusek prestou um desserviço enorme quando compôs o hit "Troque seu cachorro por uma criança pobre". A música ajudou a cristalizar um discurso equivocado. E que eu saiba ele nunca adotou criança alguma.


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Muitas vezes vejo pessoas mexendo nas latas de lixo da cidade, procurando restos de comida. Me sinto péssima, porque a injustiça social me faz mal, é cruel. Mas quando vejo um cachorro revirando o lixo não consigo parar de chorar. Porque o homem pode trabalhar, fazer um bico, pedir, implorar, roubar. O cachorro não. Ele depende
exclusivamente da bondade humana.

Não é legal comprar cachorro. São muitos os que estão prontos para ser doados. E tem pra todos os gostos, cores, tamanho, estilo. O cachorro é o melhor amigo do homem, não resta dúvida. Conheço pessoas que passaram por depressões terríveis e foram salvas pela dedicação e carinho de um cão. Volta e meia sai nos jornais matérias mostrando cães que salvaram crianças.


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Durante o Tsunami, um deles carregou um bebê na boca até encontrar um lugar seguro. O cãozinho da Drew Barrymore puxou sua camisola enquanto ela dormia para avisar que a casa estava começando a pegar fogo.

No outro dia vi um sem-teto dividindo restos de uma quentinha com seu cachorro. Se o cachorrinho, que usava uma coleirinha feita de barbante, pudesse ter a chance de escolher entre morar em um castelo com muito filé mignon ou estar ali ao lado daquele homem, você pode ter certeza que ele ficaria com a segunda opção. Isto se chama: amor incondicional. (marina w.)


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