sábado, 10 de outubro de 2009

CONTINUA BEM ATUAL

"Quando os nazistas levaram os comunistas,
eu calei-me,
porque, afinal,
eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas,
eu calei-me,
porque, afinal,
eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas,
eu não protestei,
porque, afinal,
eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus,
eu não protestei,
porque, afinal,
eu não era judeu.
Quando eles me levaram,
não havia mais quem protestasse"

(Martin Niemöller – pastor luterano alemão – 1945 - 1954 - data presumida)



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não
me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertolt Brecht, (10.02.1898 - 04.08.1956) - Teatrólogo e poeta alemão




NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI


Assim como a criança
humildemente
afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não
importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta
soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite
eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite,
já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
 Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a
cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não
temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um
levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a
verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
 Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a
criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase
me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que
aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma
espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue
cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao
nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam
por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender
nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que
marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a
condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra
liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus
superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!


Eduardo Alves da Costa (Escrito nos anos 60 pelo poeta fluminense Eduardo Alves da Costa)


 
http://www.youtube.com/watch?v=Z3ox8f8mDvU
 





 
 

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